Comunidade de Monte Carmelo comemora assinatura de acordo extrajudicial que extingue risco de despejo

Comunidade de Monte Carmelo comemora assinatura de acordo extrajudicial que extingue risco de despejo

 

 

Mais de 250 pessoas aplaudiram o desfecho positivo de um processo que dura duas décadas. “Agora podemos deitar no travesseiro sem medo”, desabafa moradora do bairro

 

 

O Salão Paroquial Igreja São Frei Pio lotado na noite da segunda-feira (17/04) deu o tom da assinatura do termo de acordo extrajudicial de desapropriação amigável dos lotes 2 e 3 do Monte Carmelo. Com um investimento de R$ 5,5 milhões, a área passará a ser do município, para alívio de milhares de famílias ameaçadas de despejo.

 

O sentimento geral foi muito bem resumido na fala do advogado dos proprietários das terras, Cláudio Fichtner: “Normalmente em um processo judicial sempre há um vencedor e um perdedor. Hoje a gente vê algo extraordinário, pois todos saíram com o que é de direito. Isso não acontece todos os dias”.

 

O documento celebrado encerra uma disputa de 20 anos e extingue com as ações de reintegração de posse movidas contra os moradores. A partir de agora, nenhuma das mais de 3 mil pessoas que ocupam cerca de 8 hectares do Monte Carmelo poderá ser retirada da área, porque ela se torna propriedade municipal. O decreto de utilidade pública já havia sido assinado em janeiro deste ano. Os próximos passos são a autorização da compra pela Câmara de Vereadores e o homologação pela Justiça.

 

O secretário de Urbanismo de Caxias do Sul, Giovani Fontana, que iniciou o trabalho da administração do prefeito Adiló Didomenico tratando do caso então como secretário de Habitação, refletiu o sentimento de muitos moradores: “Perdemos muitas noites em claro pensando em medidas apropriadas”.

 

A operadora de incubadora Elaine Freitas, 31, moradora do Monte Carmelo há 17 anos, reforçou: “Como o secretário falou, agora podemos deitar no travesseiro sem medo”. Sentimento compartilhado pelas vizinhas de lote Zeli Fim, 48, recicladora, e Ana Maria Borges, 18, estudante e mãe de um bebê de um mês.

 

O prefeito Adiló Didomenico lembrou da sua relação antiga com o bairro e de conquistas ao longo do tempo em outros cargos na administração pública, como presidente da Codeca e secretário de Obras, como a coleta de lixo, rede de esgoto (que foi depois embargada pela Justiça) e a adoção da ação Troca Solidária. “Nos acusaram de dar força a invasores, mas sei o que é dificuldade e tenho obrigação e dever de ajudar em situações assim. Vimos que era chegado o momento de resolver em definitivo essa questão”.

 

O prefeito acredita que, a partir de agora, Monte Carmelo irá se tornar um bairro bem organizado. “Mas não temos varinha de condão. Tem muito trabalho pela frente”, lembrou.

 

Após a homologação da aquisição da área, o município poderá iniciar o processo de regularização fundiária, uma das marcas da atual administração. “Caxias do Sul é modelo de regularização. A prefeitura está junto nesse processo e vamos vencer agora outras etapas”.

 

O advogado das famílias ocupantes, Rodrigo Balen, louvou o trabalho do secretário Giovani Fontana durante o processo e do prefeito Adiló Didomenico por estar cumprindo a promessa de campanha de avançar na questão da desapropriação. “Agora vamos poder avançar na titulação das propriedades”, falou Balen.

 

O secretário de Habitação, Wagner Petrini, confirmou o empenho da administração municipal nesse sentido: “Com o que está acontecendo, podemos trabalhar melhor as questões como saúde e educação da comunidade e agora também da propriedade”.

 

Moradora do Monte Carmelo desde o início da disputa, Geni Teresinha Thomaz, 54, considera a conquista extraordinária. “Será muito bom quando eu puder pagar meu IPTU e dizer que está tudo direitinho, em dia”, disse, feliz.

 

O investimento do Município para a desapropriação das áreas é de R$ 5,5 milhões, sendo R$ 4 milhões pagos com recursos do Fundo da Casa Popular (FUNCAP), gerido pela Secretaria Municipal de Habitação (SMH), e os R$ 1,5 milhão restantes quitados em índices construtivos aos atuais proprietários. A tramitação do processo teve origem em parecer favorável do Departamento de Regularização Fundiária, subordinado à Secretaria Municipal de Urbanismo (SMU), a partir de orientação da Procuradoria Geral do Município (PGM) – que acompanha todo o desenrolar imobiliário e jurídico, e ainda contou com respaldo técnico da Secretaria Municipal de Planejamento (SEPLAN).

 

 

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Fotos: Rodrigo Rossi

 

 

Jornalista Nice Ebertz

Jornalista

Eunice Ebertz

MTE 19958