Mais de um ano depois desse anúncio da conexão do cérebro com a máquina, surpreendendo quem acreditava que isso ainda estava em um futuro muito distante, Musk revelou que faria um evento importante da Neuralink no dia 28 de agosto às 19h (horário de Brasília), sem fornecer muitos detalhes. Mas, ao que tudo indica, a apresentação vai contar com nada menos do que uma demonstração do chip implantado no cérebro e tudo o que ele é capaz de fazer.
O que é a Neuralink?
Elon Musk fundou a Neuralink ainda em 2016, na Califórnia, como uma empresa de pesquisa médica, criando chips que podem ajudar pacientes em tratamentos. Em setembro do mesmo ano, os interesses iam além e as coisas ficaram um pouco mais claras, com o executivo explicando o seu desejo de criar uma forma de integrar a inteligência humana com a artificial, literalmente conectando o cérebro ao computador.
Segundo suas próprias palavras, essa simbiose da máquina com o humano ajudaria a democratizar a inteligência artificial, sem se preocupar com alguma “IA ditadora maligna”, porque seríamos a IA de forma coletiva. Basicamente, o maior medo de Musk é que a inteligência artificial se torne tão grande a ponto de ofuscar a humana. Em entrevista realizada em novembro do ano passado, Musk afirmou que é importante que a Neuralink resolva esse problema o quanto antes.
A preocupação do bilionário é tão grande que ele chegou a criar a empresa OpenAI, organização de pesquisa em inteligência artificial para diferentes propósitos. Porém, somente algo como a Neuralink poderia o ajudar a resolver esse problema. Então, no ano passado, Musk contou ao mundo que estava criando um minúsculo microchip que, na teoria, poderia ser implantado na cabeça de uma pessoa.
O que é esse chip e como ele funciona?
Tão Black Mirror: e se conseguissem hackear seu cérebro?
Musk afirma que a única salvação para a humanidade é se fundir com as máquinas
As “maluquices” de Elon Musk e sua importância para o futuro da humanidade
Ainda no ano passado, Musk e sua equipe revelaram que o chip, armazenado em um cilindro selado, se chama N1, mede 4 mm por 4 mm e conta com 1.024 eletrodos capazes de detectar a atividade de neurônios de um cérebro humano. Cada um desses eletrodos mede apenas cinco micrômetros de espessura (95 micrômetros a menos que um fio de cabelo humano), ficando a 60 micrômetros de distância dos neurônios. Tudo isso sem causar danos ao tecido cerebral.
Chips semelhantes são usados, atualmente, para o tratamento de pessoas com doença de Parkinson, mas estes possuem apenas 10 eletrodos. Além disso, esse conceito não é novo, sendo utilizado ainda em 2012, pela empresa BrainGate, quando pacientes com paralisia conseguiram controlar um braço robótico usando apenas os impulsos nervosos do cérebro.
Vamos ter que esperar a apresentação de Elon Musk para descobrir como, exatamente, esse chip funciona, claro. Mas com as informações que já temos em mãos, pode ser que quatro chips sejam implantados próximo às orelhas, três em áreas motoras e um perto do córtex somatossensorial, possibilitando o controle do smartphone e computadores usando apenas o cérebro. A equipe ainda criou um robô que faz as suturas após a implantação das sondas, através de uma incisão de apenas dois milímetros, levando menos de uma hora para a conclusão.
Então, o que esperar do evento da Neuralink?
Em 2019, o executivo contou que os testes se iniciariam em pessoas tetraplégicas que sofriam de lesão medular na região das vértebras C1 a C4, ainda até o final deste ano, mas com a chegada da pandemia da COVID-19, nada ainda está certo sobre o andamento desses planos. Também no ano passado, o executivo revelou que a empresa conseguiu fazer com que um macaco controlasse um computador com a sua mente, trazendo grandes expectativas para os testes em seres humanos.
Neste ano, em fevereiro, Elon Musk declarou à imprensa qual será o impacto da tecnologia na indústria, deixando a entender que houve progresso. Porém, ele diz acreditar que interfaces de precisão neural são subestimadas, citando como referência o Utah Array, um implante de alta intensidade, de 256 microeletrodos, que vem sendo usado para estudar doenças como a epilepsia. O projeto, no entanto, foi comparado por Musk a um dispositivo de tortura medieval.